• Palestra de Paulo Freire no Banco Central
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    Há uma outra qualidade que eu acho que uma importância enorme, é a qualidade moral de que a prática educativa está impregnada. Quer dizer, é que eu chamo de eticidade da prática educativa, quer dizer, a prática educativa como prática formadora não pode deixar de ser ética. Então, as exigências, eu acho meus amigos e minhas amigas nesse fim de século que a gente está vivendo no mundo todo os desvalores, os descompassos, à negação de princípios, à pulverização de uma ética do ser humano, nunca talvez tenhamos precisado tanto de uma briga pela ética que eu costumo chamar de ética universal do ser humano, do que hoje. Nós estamos hoje sob o comando indiscutivelmente não só no Brasil, mas no mundo, todo nós estamos sob o comando de uma ética menor, de uma ética pequena, de uma ética malvada, estreita que é a ética do mercado. Quer dizer, essa se sobrepõe as bonitezas da vida humana. E é interessante observar que a ética do mercado gera necessariamente uma ideologia capitalista. Eu não sei, por exemplo se dá até para dar nota, contar com o número de vezes que as pessoas me dizem quando eu digo, por exemplo, mas veja rapaz não é possível que a gente chegue no fim do milênio com trinta milhões de brasileiros brasileiras morrendo de fome. E o cara me diz Paulo você tem razão é uma coisa terrível, mas o que fazer, a realidade é assim mesmo. Eu insisto em gritar, não mais nem dizer, que nenhuma realidade é assim mesmo. Nenhuma realidade é inexorável, nenhuma. Quando nós nos curvamos à inexorabilidade de um fato é que estamos submersos já, na ética da independência dos interesses reais dos seres humanos. E eu costumo dizer, e digo nesse nível que terminei agora, eu prefiro ser chamado de idealista e sonhador a me curva a ética do mercado, de jeito nenhum. Nem tão pouco eu aceito nenhum desenvolvimento tecnológico científico que trabalhe contra os interesses dos seres humanos.
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