• Palestra de Paulo Freire no DESED (Banco do Brasil)
    Clique aqui para assistir ao vídeo completo.

    “Toda situação educativa tem, necessariamente, um sujeito educador e tem um sujeito educando, mas quando eu agora digo que toda relação educativa tem um sujeito educador e um sujeito educando eu já estou afirmando a quem me ouve, ou quem me lê, eu já estou afirmando uma, eu quero só chamar atenção disso, mas uma certa posição política e ideológica. Quer dizer, no momento em que eu digo que o educando é também sujeito do processo de sua própria educação e não só o objeto do trabalho educador, da educadora ou do educador, eu estou afirmando uma certa opção política e uma certa posição ideológica quando dizendo que o educando é também sujeito eu não aceito que ele seja mero objeto da prática pedagógica. Então isso significa já no primeiro momento, se o ouvinte me ouve de forma crítica, ele já pode ficar despertado para o fato de que eu estou fazendo uma afirmação democrática e não autoritária. Um segundo elemento que jamais pode faltar na prática educativa na situação educativa é o que a gente chama, o conteúdo da prática educativa o que posso chamar também de objeto a ser ensinado e a ser aprendido. O conteúdo programático ou objeto de conhecimento não há uma situação educativa que não tenha o conteúdo que o professor ou professora ensina e que o aluno aprende. Quando eu digo isso eu estou afirmando que toda situação educativa é uma situação que envolve o processo de conhecimento. Quer dizer, não há situação educativa sem objeto de conhecimento. Em outras palavras, a gente fala, usa uma expressão de origem grega para dizer que a situação educativa é sempre gnosiológica, quer dizer, ela envolve sempre o ato de conhecer o processo de conhecer. O meu comportamento ou a minha posição difere da posição do educando porque se pressupõe e se admite que o professor sabe o objeto ou entrou no processo de saber, de conhecer o objeto que ele ensina, antes do aluno, é óbvio isso. Mas nem sempre se dá isso, às vezes, o aluno soube antes ou sabe concomitante com o professor. Mas em regra implica que o professor estudou, que o professor conheceu aquele objeto antes do aluno. É exatamente por isso que no momento por exemplo, em que o professor ensina o objeto, o conteúdo, o professor faz um processo fundamental ou entra num processo fundamental que quando é sentido quando é assumido pelo professor dá à tarefa do professor uma boniteza fantástica e uma situação de alegria e de felicidade que é a seguinte, na medida em que o professor ensina o objeto que ele conheceu antes ele reconhece o objeto que ensina, quer dizer ele re-sabe o objeto que sabia. E no momento em que o educando travando a sua relação com o educador ou com o professor começa a procurar conhecer o objeto de que o professor fala, o educando entra no processo de conhecer o ainda não conhecido ou o mal conhecido ainda. Quer dizer, um começa a aprender o outro reconhece o aprendido ao ensinar. Vocês vejam que esse processo em si mesmo é de uma boniteza fantástica, entendeu? Eu que, me desculpem a modéstia, eu que sei isso toda vez que dou uma aula fico formidavelmente feliz e alegre, porque no fundo eu estou me reconhecendo ou estou reconhecendo o conhecimento que eu tinha antes e toda vez que a gente reconhece um conhecimento que a gente tinha antes, a gente primeiro se certifica melhor do conhecimento que tinha, segundo a gente se prepara para conhecer o que ainda não conhece. Quer dizer, então, a tarefa pedagógica de quem ensina é uma tarefa profundamente rica quando ela é realmente assumida. Quer dizer, é preciso que eu como educador saiba o que é que eu faço e o que é que existe no que eu faço.”
Parceria:
Desenvolvimento: