• Encontros com Paulo Freire
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    Quando me punha diante da experiência da escola radiofônica estava implícito, então, ou implícita na minha postura uma crítica a experiência mais geral, menos bem compreendida, do papel da escola radiofônica. Vou explicar. É que, de maneira geral, a escola radiofônica funcionava com um locutor que comandava da rádio, como a gente está aqui agora, uns 100 números de recipientes. Quer dizer, havia espalhado numa área rural, por exemplo, vamos admitir 150 monitores. Cada monitor com vinte, trinta com seu grupo e um rádio cativo. Então, cabia ao locutor dirigente comandar a tarefa desde o começo até o fim, dizia companheiro monitor venha até ao quadro negro escreva aí isso, aquilo outro. Então a minha tese era a seguinte, é que o próprio testemunho do educador ao educando era um testemunho de que era guiado e não de quem criava. Então minha proposta se opunha a isso. Foi com esse estado de espírito, veja bem, eu nunca assumi, porém, mesmo quando ainda eu não conhecia mais de perto o MEB, eu nunca assumi uma posição contra ao MEB, entende. Porque eu, inclusive, não costumo fazer isso. Eu fundamento a razão de estar contra, mas eu tinha minhas divergências, isso eu acho formidável. Mas, por outro lado, também, eu achava que uma das responsabilidades minhas e dos outros era a de ver se seria ou não possível. Eu achava que seria possível. Você minimizar ou diminuir o caráter teleguiado, se eu posso dizer assim, a passividade que estava implícita na escola radiofônica, no sentido de você aproveitar toda uma infraestrutura que estava feita já. Quer dizer, me parecia um absurdo que se dissesse, de repente, não, esse negócio de escola radiofônica não tem sentido, sobretudo, porque tinha sentido mesmo e que tinha muita gente aprendendo a ler, sobretudo, porque a escola radiofônica poderia alcançar áreas que o educador ou outro comum não poderia alcançar por ‘n’ razões era importante que se mantivesse a estrutura. Foi com esse estado de espírito que eu fui um dia no Recife procurado por um homem extraordinário que lamentavelmente morreu, que foi o bispo de Aracaju Dom Távora e ele era, na verdade, na Comissão Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), ele era pelo MEB. E, então, conversamos muito. Eu disse, Dom Távora eu não tenho dúvida nenhuma de que é possível melhorar isso, diminuir a passividade e ao mesmo tempo, então, preservar a estrutura que seria um crime, botaria isso a perder .
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