• Paulo Freire: educação e mudança
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    A questão de enfrentar essa barreira, a barreira existe, agora, a barreira não é pedagógica, a barreira é ideológica, isso daí é uma das expressões da ideologia dominante segundo a qual as classes populares são inferiores de nascimento, elas são incompetentes de nascença, e isso é um absurdo, isso é ideologia mesmo, isso não tem nada de científico, isso é profundamente ideológico, e quando digo isso, eu não quero distinguir ideologia de ciência, dizer que a ciência também não tem ideologia, porque também tem. Por causa disso, uma das tarefas nos cursos de formação, por exemplo, dos alfabetizadores, é exatamente discutir com eles aspectos dessa ideologia dominante, segundo a qual os preconceitos corroem a própria atividade prática do educador, a ideologia é tão forte, que, no curso de formação, você tenta esclarecer que não há essa inferioridade intrínseca, natural do analfabeto, e o educador acredita mas termina “por se acaso” como dizem os chilenos, admitindo que pode ser que acredite, pode ser que exista essa inferioridade. Você tem que ajudar o alfabetizador a romper com essa força inibidora da ideologia e convencê-lo de que cientificamente não há diferença entre ele e o alfabetizando, a diferença é de experiência intelectual que ele tem mais que o alfabetizando.
  • Aprendendo didática com Paulo Freire
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    Toda vez que eu penso em ensino-aprendizagem, eu estou pensando centralmente no ato do conhecimento que funda e que justifica a relação ensino-aprendizagem. E isso exige de nós algumas explicações eu creio, porque veja, quando você no lugar de referir-se à relação ensino-aprendizagem, você sublinha o ato de conhecer que caracteriza a prática educativa ou que faz parte da natureza mesma da prática educativa você pode, à primeira vista, por exemplo, você pode dizer: muito bem, veja bem, se o Paulo Freire no lugar de pensar na relação ensino-aprendizagem ele sublinha o ato de conhecer que explica em grande parte a prática educativa pode parecer pelo menos que Paulo Freire esteja negando ao educador, ao professor o papel de ensinar, já que no lugar de falar em ensino-aprendizagem e quando você fala de ensino-aprendizagem você tem que falar do ensinante, portanto, do professor. Quando você fala de aprendizagem, você inclui aí o aluno. Só que para mim eu vejo o ensinante não apenas como ensinante, mas também como aprendiz, e como aluno não apenas o aluno, mas também ensinante. Mas eu gostaria de dizer que não, quando eu falo no ato de conhecimento, eu acho que eu caminho em uma linha mais ampla, mais problemática, desafiadora do que quando fico apenas na relação ensino-aprendizagem. Mas, eu não nego que no ato de conhecimento os sujeitos que conhecem que são o educador e o educando e que têm, indiscutivelmente, nesta relação, posições e responsabilidades diferentes, por que não são de maneira nenhuma iguais. Em que pese que ambos estejam engajados no ato de conhecer um dado objeto que é exatamente uma dimensão do conteúdo programático da educação.
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    O papel do educando e o papel do professor neste ato de conhecer difere um pouco, por que no fundo o professor ensina através do testemunho dele ao educando, como o educando deve se aproximar do objeto do conhecimento que mediatiza, os dois na prática de conhecer esse objeto, que é a educação.
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    A questão de enfrentar essa barreira, a barreira existe, agora, a barreira não é pedagógica, a barreira é ideológica, isso daí é uma das expressões da ideologia dominante segundo a qual as classes populares são inferiores de nascimento, elas são incompetentes de nascença, e isso é um absurdo, isso é ideologia mesmo, isso não tem nada de científico, isso é profundamente ideológico, e quando digo isso, eu não quero distinguir ideologia de ciência, dizer que a ciência também não tem ideologia, porque também tem. Por causa disso, uma das tarefas nos cursos de formação, por exemplo, dos alfabetizadores, é exatamente discutir com eles aspectos dessa ideologia dominante, segundo a qual os preconceitos corroem a própria atividade prática do educador, a ideologia é tão forte, que, no curso de formação, você tenta esclarecer que não há essa inferioridade intrínseca, natural do analfabeto, e o educador acredita mas termina “por se acaso” como dizem os chilenos, admitindo que pode ser que acredite, pode ser que exista essa inferioridade. Você tem que ajudar o alfabetizador a romper com essa força inibidora da ideologia e convencê-lo de que cientificamente não há diferença entre ele e o alfabetizando, a diferença é de experiência intelectual que ele tem mais que o alfabetizando.
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