• Paulo Freire: Educação e mudança
    Clique aqui para assistir ao vídeo completo.

    Ao mesmo tempo em que a experiência de vida é absolutamente necessária, fundamental, a tarefa do educador, ela sozinha não basta porque, por exemplo, se você toma, sobretudo, a experiência de vida como se desgastar-nos da vida, quer dizer, essa coisa de estar sendo na vida a forma como a gente come, como a gente acredita nas pessoas, como a gente não acredita, nossas esperanças, os nossos sentimentos, afinal de contas, tudo isso envolve essa coisa que a gente chama, geralmente, de experiência de vida do que a gente tem na classe social a que a gente pertence, por exemplo, essa sala rodeada desses quadros constitui um momento importante da minha experiência de vida, se você pergunta se essas coisas todas têm que ver com o trabalho do educador, seja ele um alfabetizador seja ele um pesquisador, não há dúvida nenhuma que tem que ver. Agora essa experiência sozinha, que é tão importante, não explica a totalidade do trabalho. Então o alfabetizador em primeiro lugar ele tem de partir da compreensão crítica da sua experiência de vida do educando, quer dizer, sem a experiência, sem o conhecimento da experiência de vida do educando, o educador falha, então ele precisa ter uma competência especial para compreender essa experiência de vida sua e do educando.
  • Aprendendo Paulo Freire e Sérgio Guimarães 2 - o erro do mecanicismo marxista
    Clique aqui para assistir ao vídeo completo.

    Quando eu cito aquela história linda em que um operário em Casa Amarela, num círculo de pais e professores, falava sobre Piaget e o código moral da criança e citava Piaget, e no final de todo o meu discurso, ele fez um discurso exemplar, que guardo até hoje na minha memória totalmente ordenado e organizado, ele me deu a maior lição que recebi como educador. Quer dizer, a maior lição que recebi até hoje como educador foi de um educador também, mas foi de um educador semianalfabeto, de um intelectual semianalfabeto, que era aquele operário que, segundo li num recente livro, possivelmente morreu ruido da tuberculose. Quer dizer, essa coisa não invalida o esforço da memória, mas é preciso estar alerta para voltar ao que eu dizia antes quando narrei; quando contei a história do discurso. Eu tentei hoje, distante, ganhando esta distância epistemológica de que a gente precisa, eu tentei compreender a razão de ser científica do discurso dele para mim e o meu espanto diante do discurso. Quer dizer, que o meu espanto, no fundo, era um espanto de classe. Se aquele discurso tivesse sido feito por um colega meu universitário, eu teria discordado do meu colega, mas não teria me espantado com a lucidez com que ele me reeducou.
Parceria:
Desenvolvimento: