• II Plenária Pedagógica com Paulo Freire
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    Fui para o primeiro ano do ginásio com dezesseis anos de idade e escrevi um bocado de coisa, inclusive, até não precisei de nenhum nome das ilhas que me obrigaram a decorar, parece que eram catorze ilhas. As ilhas, o nome dos arquipélagos. Então, mas há uns que ficam, há uns que conseguem e se alfabetizam de qualquer jeito, conseguem e ficam quando chegam da terceira para quarta aí a escola diz: ‘Chegou até aqui, né, seu arrogante?’ E ‘rua’ com eles. E aí os especialistas, que são necessários, aparecem para explicar o fenômeno e chamam isso de evasão escolar. E isso é expulsão escolar, não evasão escolar. Falam em evasão como se os meninos fizessem um congresso com os garotos, mas um congresso daqueles que sabem e depois decidem que vão se evadir da escola. Não, eles são expulsos da escola, a escola virou incompetente para fazê-los permanentes na escola. Porque que é que os meninos chamados bem-nascidos ficam? Ficam porque eles têm todo um condicionamento favorável, além das aulas privadas que podem ter, e estão nas particulares que fazem um outro tipo de trabalho. Aí você tem a ideologia dominante, autoritária e elitista cortando o trabalho da escola. No momento em que você chega e quer mudar a cara da escola, você teria duas hipóteses, a primeira era fazer um decreto dizendo ‘De hoje em diante, todo mundo é democrático e não é mais elitista, acabou o autoritarismo’. Isso simplesmente não ocorre, não acontece. Quer dizer, isso é um trabalho de convencimento, é um trabalho científico, naturalmente, implica uma capacitação científica da nossa parte, nós precisamos saber o que estamos dizendo, e sabemos que precisamos defender o que estamos dizendo cientificamente. Mas isso é um trabalho, é um trabalho quase de conversão, é preciso que se convertam as pessoas a essas coisas óbvias, que os meninos populares também aprendem.
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