• Inauguração oficial da sede do Instituto Paulo Freire – SP
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    Outra coisa de que você não escapa, na análise que você fizer em qualquer sociedade, é como o neoliberalismo, de um lado, precisa, do outro, engendra a desesperança nas massas populares. A desesperança corresponde à esperança das classes populares, sem a qual não dá no neoliberalismo, corresponde a esperança da classe dominante, a classe dominante se enriquece também de esperança, no sentido em que vai acabar com a classe dominada que ela odeia.
  • Palestra de Paulo Freire no DESED (Banco do Brasil)
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    Por isso é que o educando deve ser livre para conhecer a posição… eu não concordo com essa história de você dizer Não, o educador deve ficar silencioso com relação a sua opção política para não influenciar o aluno. Não, isso é uma mentira. Eu acho que isso é um desrespeito ao aluno também. Eu acho que uma das coisas fantásticas na educação é exatamente a possibilidade de o aluno crescer como ele, como a pessoa dele e isso ele cresce na medida em que ele se experimenta em posições até que se antagonizam. Quer dizer, ele precisa experimentar as diferentes opções que são políticas para fazer também a sua opção. Agora se vocês pensam nisso tudo do ponto de vista do alfabetizador, é a mesma coisa. Quer dizer, o alfabetizador, que trabalha com grupos de adultos, deve ter sua opção política, não há dúvida nenhuma, é um direito dele e um dever dele, mas deve respeitar profundamente a ingenuidade e, sobretudo, a debilidade não física, as vezes também física, mas debilidade moral, quando eu digo moral não no sentido de imoralidade. Quer dizer, a debilidade da personalidade, as experiências negativas do oprimido que fazem com que ele seja, às vezes, um quase vencido. O educador tem, nesse caso, tem que ser muito cuidadoso para não insinuar que está querendo mandar votar nesse ou naquele, mas deve enfatizar a necessidade de assumir-se o direito e o dever de votar. Quando você faz uma análise histórica você vê que há um número de coisas que se passaram ou que não se passaram e que estão condicionando o que está passando, e dificultando o que deve passar amanhã. Quer dizer, fazer uma combinação entre o hoje, o ontem, o hoje e o amanhã, e sabendo sobretudo que o amanhã não é uma província histórica que está ali à espera que a gente chegue. Pelo contrário, o amanhã só existe como a gente quer se a gente transformar o hoje como a gente quer, quer dizer, amanhã nenhum será presente de Deus. O amanhã é a transformação do hoje com a iluminação da sabedoria do ontem, com a experiência que o ontem nos deu. E o futuro em primeiro lugar, o futuro é problemático, o futuro não é inexorável como alguns dos companheiros nossos de esquerda pensavam, mecanicistamente, que o amanhã vem no socialismo mesmo e isso não vem não, só vem se a gente fizer. Se não fizer, ele não vem. Quer dizer, o futuro é problema e não inexorabilidade.
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