• Leitura do Mundo, Leitura da Palavra
    Clique aqui para assistir ao vídeo completo.

    Eu acho que os governos brasileiros não tem posto em prática, depois de eleitos, o que eles proclamaram enquanto candidatos. No Brasil, é uma coisa interessante. Você vê um candidato a presidente da república, candidato a vereador, candidato a deputado federal, deputado estadual, senador da república, governador do estado. Todos eles, nos discursos de sua campanha política, defendem a educação e a saúde como prioridades, quando se elegem, a prática é diferente. Quer dizer, de maneira nenhuma eu estou vendo no Brasil a prática educativa como uma prioridade, de maneira nenhuma. A prioridade, para mim, existe quando você tem recursos financeiros, quando você tem dinheiro. E não vale também a explicação que alguns homens políticos do Brasil usam constantemente, diante das greves dos professores, ‘Os professores tem razão, ganham mal, mas nós não temos dinheiro’. A minha esperança é a de que, em alguns anos mais, nenhum homem público brasileiro possa usar mais esse discurso sob pena de ser vaiado. Quer dizer, é preciso que a sociedade brasileira, toda ela, a sociedade civil brasileira, toda ela, agarre a prioridade da educação nas mãos e esfregue essa prioridade na cara dos políticos brasileiros, não é possível continuar assim, é preciso criar caminhos para isso. Um dos caminhos é uma reorientação da política de gastos do Estado. Quer dizer, não é possível continuar gastando tanto dinheiro para pagar outros funcionários dez vezes do que, quinze vezes mais, mais do que isso, do que uma professora. Recentemente, eu escrevi um texto em que disse: Um presidente nacional, de uma companhia nacional, ganha não sei quantas vezes mais, apesar da responsabilidade que ele tem. Eu não quero, eu não quero discutir isso, mas ele ganha uma porção de vezes mais o que ganha uma professora. No entanto, ele precisou de uma professora primária. Quer dizer, não há nenhum presidente, de empresa nenhuma desse país ou fora desse país, que um dia não tenha passado pela mão de uma professora primária e o descaso, desrespeito dos governos brasileiros em torno da educação pública, é vergonhoso, é um insulto, eu me sinto como brasileiro insultado, entende? E, por isso, que eu até peço desculpa aos telespectadores pela raiva com que eu tô falando, entendeu? Eu não posso falar dessas coisas em paz. Eu falo irritado, porque, puxa, minha idade até que autoriza eu ter mais raiva do que estou tendo hoje, porque, desde que eu era menino, eu via falar que educação devia ser uma prioridade e nunca foi.
Parceria:
Desenvolvimento: