• Palestra e entrevista com Paulo Freire realizada no CEFOR
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    Em primeiro lugar não é possível pesquisa neutra, porque como disse a você antes o ato de pesquisar envolve pesquisar o que, pesquisar para que, pesquisa com quem, pesquisar em favor de que, em favor de quem, e, portanto, contra que e contra quem. Ora, um ato com esse ou um processo como esse que é o processo de conhecer não pode se dar indiferente aos problemas, as lutas sociais, não pode se dar diferente aos gostos até, quanto mais aos interesses. Quer dizer, você pode ter uma pesquisa cujos resultados você pode dirigir no sentido de interesse da classe dominante de uma certa sociedade que preserva as maiorias populares ingênuas por exemplo ou distante da razão de ser do que explica que elas sejam dominadas, exploradas etc., mas você pode ter uma pesquisa que pelo contrário o sonho da equipe pesquisadora, pelo contrário, no próprio processo da pesquisa desvelar aos sujeitos também da pesquisa que são os grupos populares desvelar a razão de ser da sua própria espoliação. Ora, no fundo não a pesquisa neutra, então, e as metodologias variam também em função do objetivo que você tem do sonho que você tem. Uma pesquisa que marche no sentido mais aberto mais democrático, necessariamente, tem a participação crescente dos grupos populares e uma pesquisa que pretenda manter as classes populares domesticadas mais e mais manterá as classes dominadas, transformará as classes dominadas em objeto da pesquisa e não em sujeitos da pesquisa. Quer dizer, a pesquisa a pesquisa participante se fundamenta sobretudo por isso, por um sonho também, por um anseio, por uma utopia realizável que é a de ter nos grupos populares sujeitos da própria ação de buscar.
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