• Encontro com Paulo Freire: reflexões sobre a prática educacional
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    Não há prática educativa que não seja, ao mesmo tempo, uma certa teoria do conhecimento posta em prática, então, não há prática educativa que não seja uma experiência cognoscitiva. Toda prática educativa envolve um ato de conhecimento. Aí começa, então, uma possível briga, que é com relação ao papel, por exemplo, de qual é o papel no processo de conhecimento que tem o educador de um lado e o educando do outro? E é exatamente, e essa indagação está presa também ao seguinte: a produção do conhecimento não é uma produção neutra. Quer dizer, quando você conhece, você está produzindo um conhecimento a serviço de alguma coisa, a serviço de algum sonho, a serviço de algum estilo de vida.
  • Corpo e dança dos povos
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    Eu diria que um dos eixos fundamentais para uma prática educativa e para uma compreensão da vida e do mundo, deveria ser aquela que se chocasse, aquela que buscasse negar ou superar uma certa compreensão da prática do primeiro mundo que eu chamaria de pragmatista. Quer dizer, uma prática educativa que vise apenas a instrumentalização do homem e da mulher para enfrentar o mundo tecnológico que tende a crescer mais em sua aplicação.
  • Aula de encerramento com Paulo Freire e Moacir Gadotti na FE-USP
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    A prática educativa tem uma indiscutível tarefa no processo político, social nosso do ser humano. O que é preciso pra eu evitar numa perspectiva crítica é, de um lado, um discurso ingenuamente otimista segundo o qual a educação faz tudo, exemplo, o discurso que diga hoje que a gente tá precisando nesse país é só educação, não é. Mas é preciso que evitemos o discurso do absoluto pessimismo que é um discurso dos anos 70, que é o seguinte, a escola e a educação não são outra coisa senão a reprodução da ideologia dominante, não é isso. É também isso, mas não é só isso.
  • Paulo Freire: educação e mudança
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    O que eu tenho tentado fazer ao longo da minha vida é exatamente uma reflexão, uma espécie, assim, de filosofar sobre a educação, e não apenas um método de alfabetizar. O que me move, o que tem me movido, é uma compreensão crítica da educação, da prática educativa. Não importa que essa prática educativa tenha a ver com a alfabetização de um grupo de gente que não lê e nem escreve, ou que essa prática educativa tenha a ver com a pós graduação de uma universidade. No fundo, eu faço uma tentativa de pensar a educação, de pensar a prática educativa. Um dos elementos dessa prática educativa que eu vou sublinhar agora é para justificar uma certa ênfase que eu venho dando a esse elemento. É exatamente o que eu chamo de politicidade da educação, ou, em outras palavras, a qualidade política da educação. Nunca houve, não há, e, possivelmente, não haverá, jamais, uma prática educativa neutra. Toda prática educativa tem uma conotação, uma marca, que não se afasta da prática educativa, que é a política. Eu não posso praticar uma prática que se caracteriza por ser política, sendo neutra. No momento mesmo em que eu me torne educador, eu me contagio da natureza política da prática, e, se eu me contagio da natureza política da prática, eu sou político, e, se eu sou político, eu tenho opções políticas, eu tenho sonhos políticos. O educador é um sonhador político. Ele tem ideias, tem aspirações políticas. Ele sonha com um certo modelo de sociedade, que é um modelo político.
  • Palestra de Paulo Freire no Banco do Brasil sobre 'As Relações Humanas no Trabalho'
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    Não há educação neutra, nem há educador neutro. A prática educativa tem uma natureza política e o problema que se coloca, então, ao educador e à educadora é o de assumir a politicidade de sua prática. Quer dizer, em lugar de fugir desta natureza política que marca a sua prática, não há outro caminho senão assumir esta natureza política e ao assumir a natureza política da prática, reconhecer-se também como política, não necessariamente partidária, mas cedo ou tarde devendo ser também partidária. Quer dizer, eu acho que é um dever e um direito que nós... a assunção da cidadania implica a participação militante do ponto de vista político-partidário.
  • Palestra de Paulo Freire no Banco Central
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    Em face de um certo objeto sobre o qual eu me indago, eu nunca vou diretamente ao objeto e o agarro, mas sempre eu faço curvas em torno do objeto o que eu chamo de cercar o objeto, quer dizer que eu cerco o objeto. Do ponto de vista da teoria do conhecimento eu chamo esse cercar o objeto aproximação epistemológica ao objeto. Quer dizer, eu tento me aproximar do objeto para em certo momento apanha-lo na minha mão, olha-lo e quando eu faço isso eu estou fazendo uma coisa que em teoria do conhecimento se chama tomar distância do conhecimento por mais perto que você esteja dele. Quer dizer, em primeiro lugar, eu me aproximo, portanto, eu cerco o objeto e em segundo lugar é como eu estivesse cercando um pequeno animal e em um certo momento eu seguro e agarrasse o animal essa é uma operação que estou chamando aqui de operação epistemológica que vocês fazem no campo da pesquisa de vocês. O problema é que a gente faz e não sabe que esta fazendo no fundo para conhecer é preciso fazer isso. Quer dizer, eu vou cercando o objeto e em determinado momento eu agarro o objeto na minha mão, eu ponho da minha mesa do ponto de vista técnico da teoria do conhecimento este pôr o objeto na minha mesa defronte de mim para me indagar sobre ele se chama tomar distância do objeto, tomar distância epistemológica do objeto. E é interessante, é contraditório, é dialético que é tomando distância do objeto que você se aproxima do objeto. Então a tomada de distância não é uma questão geográfica, é uma questão epistemológica. Portanto, não é a distância física que me explica a tomada de distância do objeto é uma distância reflexivo crítica do objeto. Quer dizer, quanto melhor eu tomo distância do objeto tanto mais perto do objeto eu fico do ponto de vista da minha capacidade de conhecê-lo. Isso é uma coisa que as escolas não fazem, algumas fazem, mas explicitam essa experiência intelectual ao aluno, ao educando e não exigem que o educando se assuma curiosamente, isso é que eu chamo de assumir-se curiosamente e não apassivar-se diante do discurso do educador. São coisas absolutamente contraditórias e diferentes. Então eu estou tentando aqui, agora, cercando o objeto. O objeto da nossa conversa é exatamente uma compreensão crítica da prática educativa, esse é o objeto é o meu foco aqui agora é meu objeto conceitual que eu preciso desvelar. Quer dizer, em lugar de eu ir diretamente a ele, quer dizer, a expressividade conceitual numa compreensão crítica da prática educativa eu estou cercando este objeto para ver o que é que eu encontro no meio do caminho que me ajuda a compreender o próprio objeto.
  • Palestra de Paulo Freire no DESED (Banco do Brasil)
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    Então, um outro elemento que não pode deixar de existir na prática educativa é, por exemplo, o objetivo ou o sonho com relação ao amanhã. Quer dizer, esse sonho tem que ver com um certo conjunto de valores éticos e valores morais, intelectuais a que eu aspiro como educador. Olha, um educador ou uma educadora que me diga: ‘Paulo, eu faço a minha tarefa, mas não tenho nada que ver com o amanhã’. Quer dizer, ela devia, fazendo um bordado, ela escaparia um pouco, mas não totalmente [Risos]. Porque não é possível estar no mundo, essa coisa que a gente inventou, sem existir e a existência que é uma invenção da gente ultrapassa a vida. No fundo, mulheres e homens inventaram a existência precisamente a partir da libertação das mãos, da invenção da fala, da linguagem sobre os materiais da vida a gente ergueu a existência. E a existência humana não prescinde de sonho, de maneira nenhuma. Eu recentemente acabei de escrever um livro em que eu digo que é possível haja vida e há sem sonho, o que não há é existência sem sonho. Quer dizer, essa história de dizer que as utopias morreram, que hoje você tem que ser pragmático, isso é um discurso neoliberal, é falso e mentiroso que se pretende apresentar como não-ideológico, porque esse discurso decretou a morte da ideologia e a única maneira que a gente tem que matar a ideologia é fazer um discurso ideológico. Quer dizer, não se mata a ideologia a não ser ideologicamente. Então a impossibilidade da neutralidade faz parte da natureza mesma do fenômeno educativo. Toda prática educativa implica métodos de trabalho. É óbvio isso na medida em que sendo a prática educativa uma prática gnosiológica, quer dizer, uma prática em que o processo de conhecer é exigido, ela não pode deixar de ter método, mesmo porque além disso é que a própria posição nossa ou a nossa situação no mundo e com o mundo implica no método de andar no mundo e, além do método, aí vocês tem como continuidade do próprio como necessidade ou como exigência do próprio método, a gente tem, também, na prática educativa processos, técnicas, etc. Então esses são os elementos que constituem a prática educativa.
  • Paulo Freire in action
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    Eu partia, como parto ainda hoje, de que o ponto inicial de uma prática educativa tem que ter a ver com a experiência direta, imediata, cultural do educando. Quer dizer, tem que ter a ver com os seus níveis de leitura do mundo. E muita gente… E eu sempre disse tem de partir daí. E houve, constantemente, críticos disseram que eu reduzia a prática educativa a uma posição localista, que eu defendia a tese de que o educando deve ficar girando em torno do seu local. E eu sempre ria disso porque eu usei o verbo ‘partir’, partir não significa ficar. A educação deve partir daí e projetar-se. Então pra mim o problema fundamental como ponto de partida de uma discussão no processo da alfabetização era apresentar decodificações que dissessem respeito ao contexto concreto da experiência social dos educandos.
  • Diálogo com Paulo Freire
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    A educação tem uma importância enorme nisso, porque ela pode ajudar a clarear. Sobretudo, uma educação que se funde nesse sonho maravilhoso de que nós participamos liderados por eles, pelo Carlos, pelo Sebastião e pelo sonho de outros mais. O sonho de permear a prática educativa da iluminação científica. Quanto mais a gente possa fazer isso na escola primária e na universitária, tanto melhor a gente ajuda a compreender como a gente se molha nas mudanças.
  • Palestra de Paulo Freire no Banco Central
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    A prática educativa tem fundamentos para que a gente saiba que ela é política, e não necessariamente partidária, isso aí sim é outra coisa. Mas que ela tenha uma politicidade intrínseca a ela e que ela é ética, na medida em que ela tem que defender princípios que correspondam aos interesses humano do ser humano, quer dizer, que transcendem os interesses puramente de lucro.
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