• Palestra de Paulo Freire no Banco Central
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    Vejam bem, eu disse formação e não treino, eu me recuso a usar a expressão treinamento, eu acho que as educadoras os educadores e os educandos estamos nos formando permanentemente, e não treinados. Por exemplo, uma das preocupações atuais que nós chamamos pedagogia pragmática é aquela apenas do treinamento técnico científico dos alunos. Para essa perspectiva pragmatista o bom torneio é o homem que sabe manejar bem os instrumentos do seu torno. Para mim, o bom torneio é o que sabe comportar-se, fazer-se em torno, mas além disso sabe discutir a eleição que vem aí. Sabe decide, sabe crítica. É isso que eu chamo de cidadania. A cidadania não se esgota na alfabetização mecânica dos homens e das mulheres. Nesse sentido, tem um bando de intelectuais, assinando por nome que não exercem a cidadania que não tem consciência cívica suficiente para ajudar as transformações necessárias ao país. Então, quando a gente elege a prática docente com a prática profissional da gente, a gente deve ao mesmo tempo aberto não apenas a formação permanente de que a gente precisa, mas aberto também para brigar por essa formação. Quer dizer os professores as professoras do Brasil precisam continuar a lutar pelos salários menos imorais, mas precisam começar a lutar no sentido de ter condições cada vez melhores para poder atuar menos mal como educadores.
  • Inauguração oficial da sede do instituto Paulo Freire - SP
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    Qual será então o papel fundamental da educação e do educador? Aí de novo sempre vai cair naquela coisa de que uns falam e outros falam, que é a opção política do educador, que é fundamental, a educação não é neutra e nem pode ser, então, vai depender de qual é o sonho, o projeto. Então uma coisa que está embutida na ideologia neoliberal e que representa exatamente a natureza pragmática do neoliberalismo, é que se a educação tem que ser uma tarefa pragmática, cabe ao educador simplesmente perguntar o que é que a gente pode fazer para que o miserável demore um pouquinho de tempo mais? Então a resposta é a seguinte: capacitação técnica e científica e nada a ver com a cidadania, desenvolver, e é esse outro em prol em nome do neoliberalismo, hoje, é desenvolver uma capacidade crítica para responder aos diferentes desafios rapidamente, desde, porém, que essa consciência crítica, não chegue às indagações do mundo mesmo, em outras palavras, a criticidade tem que se dirigir apenas aos problemas adverbiais da tecnologia, mas não aos substantivos da existência. Aí você tem que ser ingênuo, meu jovem! Essa é a pedagogia que está embutida no neoliberalismo.
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