• Encontros com Paulo Freire
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    Não me interessava apenas que alfabetizando aprendesse de cor a ler ou a juntar pedaços de sílabas para depois constituir palavras e ler com dificuldade, escrever um bilhete etc. O que me interessava era juntar as duas leituras básicas: a leitura do mundo e a leitura da palavra. E aí está toda a força política de uma proposta como esta.
  • Encontros com Paulo Freire
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    Alfabetizar é montar os sistemas de sinais gráficos sobre o sistema anterior que a gente já tem que é o sistema da linguagem oral, que a gente domina, que é o falante. Por isso mesmo que não há analfabeto oral. Ora, essa montagem do sinal gráfico, no meu entender, eu continuo brigando até hoje por isso, essa montagem não é coisa a ser feita de um para o outro. O papel do alfabetizador nem é o de cruzar os braços diante do processo de aprender que o outro tem. Nem tão pouco de pensar que pode aprender em nome do outro, em lugar do outro. O papel do alfabetizador é muito importante, mas é o de quem participa de um ato criador com o alfabetizando.
  • Entrevista de Paulo Freire ao Globo Ciência sobre Alfabetização (Programa 281)
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    Eu acho que o trabalho sério de alfabetização do Brasil, não apenas ok! do menino, mas ok! sobretudo do adulto, teria que jogar com essa compreensão maior, mais ampla do que é alfabetização. Quer dizer, o alfabetizado não apenas ler e escrever bilhetes, ou cartas, ou ler jornais, mas ler o mundo também.
  • Paulo Freire: o revolucionário educador (Programa 1 e 2)
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    Eu acho que o que mais me tocou para que eu buscasse, para que eu pesquisasse algo, foi o que parecia uma profunda injustiça e uma imensa ofensa aos adultos que não tendo sido, não tendo tido oportunidade de estudar enquanto crianças, chegar à maturidade sem o comando da palavra escrita. E isso me parecia, como me parece, um absurdo.
  • Paulo Freire: o revolucionário educador (Programa 1 e 2)
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    A alfabetização é uma experiência criadora. E significa que o alfabetizando tem que criar, tem que montar para usar uma expressão mais técnica o seu sistema de sinais gráficos, quer dizer ele tem que ser, no fundo, um arquiteto desta produção, obviamente, ajudado ele ou ela, ajudado pelo educadora ou pelo educador.
  • Seminário 'Reflexão sobre processo metodológico de alfabetização'
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    A educação de um modo geral e a alfabetização de modo particular que me interessava na época é um ato político, quer dizer, isso significava que a alfabetização não é um processo puramente técnico de natureza linguística, metodológica através do qual uma pessoa considerada letrada, quer dizer, que lê e escreve, ensina a outra considerada letrada, quer dizer, analfabeto, o domínio mecânico, técnico da linguagem. Daí uma afirmação, não há alfabetização neutra, pense como soa a vocês hoje absolutamente óbvio, mas não era óbvio quando eu disse isso pela primeira vez e é interessante é que isso foi dito pela primeira vez e a segunda e uma terceira assim mais uma coisa diferente o que não quer dizer que eu tenha sido o primeiro no mundo que viu isso, outras pessoas viram também possivelmente só não disseram.
  • Paulo Freire: educação e mudança
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    Ao mesmo tempo que a experiência de vida é absolutamente necessária, fundamental à tarefa do educador, ela sozinha não basta, porque, por exemplo: se você toma sobretudo a experiência de vida como esse desgastarmos na vida, essa coisa de estar sendo na vida, a forma como a gente come, como a gente brinca, como a gente ri, como a gente acredita nas pessoas, como a gente não acredita, as nossas esperanças, os nossos sentimentos. Afinal de contas, isso tudo envolve essa coisa que a gente chama de geralmente, experiência de vida, que tem que ver com a experiência de vida que a gente tem na classe social a que a gente pertence, por exemplo: essa sala rodeada desses quadros constituem um momento importante da minha experiência de vida, se você perguntar se essas coisas todas tem que ver com o trabalho do educador, seja ele o alfabetizador, seja ele o pesquisador, não há dúvida nenhuma que tem que ver. Agora, essa experiência sozinha, que é tão importante, não explica a totalidade do trabalho. Então, o alfabetizador tem que partir da compreensão crítica da sua experiência de vida e da experiência de vida do educando, sem o conhecimento da experiência de vida do educando, o educador falha, então, ele precisa ter uma competência especial para compreender essa experiência de vida, sua e do educando.
  • Paulo Freire conversa com estudantes de curso para o magistério
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    Alfabetização, no fundo, é exatamente o domínio da leitura da palavra nunca dissociada, a leitura da palavra, da leitura do mundo, da leitura das realidades que todos nós fazemos.
  • A dimensão pedagógica da produção científica
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    Assim como a alfabetização do ponto de vista linguístico se é entendida de forma crítica, é um exercício da assunção por parte do falante da razão de ser da sua linguagem. Isso no fundo é a alfabetização, não é um Ba, Be, Bi, Bo, Bu.
  • Diálogo com Paulo Freire
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    Por um lado, é preciso ter uma positividade, uma politização da educação e da alfabetização. Quer dizer, as educadoras são formadas pessimamente nas escolas normais e não tem nenhuma noção do que é classe social, não tem noção nenhuma. Como é que você pode trabalhar na alfabetização sem ter o mínimo de convivência com a compreensão profunda do fenômeno da linguagem? Não pode. Alfabetização não é Ba Be Bi Bo Bu é jogar com a linguagem humana.
  • Entrevista com Paulo Freire em sua casa (Vídeo 1 e 2)
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    Eu tinha dito momentos antes a vocês que a intenção minha ao trabalhar com a alfabetização, nunca foi a de ficar na alfabetização, mas, pelo contrário, baseado em todo o esforço anterior que eu tinha participado nos servem. Eu vinha tentando era fazer uma compreensão crítica da prática educativa e uma crítica à prática educativa, mas a alfabetização é exatamente um capítulo disso, um capítulo fundamental um capítulo importante. E agora sobre alguns episódios das primeiras experiências, primeiras buscas que eu fiz enquanto método de trabalho enquanto procedimento que eu gostaria de dizer porquê. Eu me lembro de que no movimento de popular eu comecei um dia desenvolver uma atividade que me pareceu muito interessante com a periferia do Recife com grupos de homens e de mulheres populares independentemente de serem ou não analfabetos, e eu discutia com eles uma provável temática que lhes interessasse e em segundo ponto eu fazia um roll de temas, de assuntos e a partir daí eu trabalhava esses temas do ponto de vista pedagógico e eu estudava melhor o conteúdo desses temas, convidava professores amigos meus e buscava uma análise desses temas juntos com os grupos populares e os resultados eram os melhores possíveis. E um dia eu dizia a mim mesmo se é possível discutir desenvolvimento por exemplo nacionalismo, reformas de base, que eram temas que os grupos populares me proponham, se é possível discutir lucidamente com os grupos populares essa temática por que não seria possível trabalhar um pouco no procedimento da alfabetização dos adultos e então ajudar homens e mulheres analfabetos do Brasil a ultrapassar rapidamente a impossibilidade de ler e escrever palavras.
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