• Encontros com Paulo Freire
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    Eu não considero o sistema capitalista imobilista, ele é muito móvel do ponto de vista das classes dominantes, tá entendendo. Porque não existe nada que não se mova, tá entendendo, não há nada parado. Tudo está sendo, nada é. Ora, o sistema capitalista tem, inclusive, uma inteligência em si mesma, entende. Esse negócio de pensar que o sistema capitalista está se acabando e está na sua última, é conversa, eu não acredito nisso. Esse negócio de determinar, de decretar o desaparecimento do sistema capitalista, porque a fase posterior é a socialista, eu acho que não. Imobilismo é pensar que necessariamente o sistema capitalista se acaba e o socialismo vem, isso é imobilismo de esquerda, é fatalismo libertador, entende. É um fatalismo ao reverso. Eu acho, pelo contrário, que, historicamente, tudo indica que vai ser mesmo, mas é preciso que historicamente os homens e as mulheres façam a história e fazendo-se se façam e se refaçam. Quer dizer, Marx disse isso, não sou eu que estou dizendo, mas não tem por que não aceitar que isso é verdade mesmo, entende. Então, quando você diz que estou caindo no imobilismo. Não! Eu acho que o sistema capitalista, pelo contrário, ele tem astúcias maravilhosas. Quer dizer, ele vem defendendo-se inclusive de previsões do próprio Marx. Quer dizer, ele se refez também. Agora o que eu quis dizer é que não havia como que o sistema capitalista se mover-se no sentido de respostas aos interesses fundamentais da classe trabalhadora, mas isso também não significa que o sistema capitalista não alcance níveis, ele já alcançou nos Estados Unidos, na Suíça etc. níveis de uma modernidade capitalista em que sua economia, inclusive apoiada na dependência do capitalismo, dependente da periferia, por exemplo, reverte em níveis bem razoáveis de vida do trabalhador, o que, em certo sentido, também anestesia a classe trabalhadora, entende. Isso existe, isso ocorre.
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