• Encontros com Paulo Freire
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    Eu acho que a fortaleza como resposta depende do desafio que eu tenho. O que eu também não gostaria de ser era uma pessoa falsamente forte, tá entendendo. Inautenticamente forte, que quisesse ser forte diante de tudo. Ou ter que ser forte, eu recuso isso. Por exemplo, eu acho que fui relativamente ou suficientemente forte para resistir o tipo de desafio que eu tive quando fui preso. Agora, eu não sei se seria suficientemente forte para resistir ao tipo de tratamento de prisão de companheiros brasileiros que eu conheço e que alguns morreram diante da tortura, por exemplo, entende. Eu não sei bem qual é o meu limite. Eu me sinto forte com a possibilidade de ter querido bem e de querer bem aos meus filhos, as minhas filhas, à minha mulher, me sinto forte quando criei a capacidade de ficar forte, buscando estudar, buscando compreender o que eu não compreendia, saber o que eu não sabia. Me senti forte quando aguentei 16 anos de exílio sem ‘churumingar’, sem poder voltar para casa e sem estar me lamentando todo dia. Me senti forte quando aprendi a respeitar as diferenças das culturas por onde andei, a respeitar os outros povos, entende. Agora, no fundo, Toninho, eu acho que ninguém é forte ou é fraco. A gente vira uma coisa ou outra em função das circunstâncias também.
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