• Entrevista com Paulo Freire sobre o doutor honoris causa da Unicamp
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    Em primeiro lugar, eu acho que seria importante salientar os níveis em que eu me relaciono com a UNICAMP, indiscutivelmente há um nível afetivo, um nível político, a que se segue um nível que continuando afetivo e político, também virou um nível acadêmico. A UNICAMP foi, ao lado da PUC de São Paulo, a primeira universidade brasileira que no tempo ainda em que eu não tinha um passaporte brasileiro, em que eu estava escorraçado, expelido do país, com meu nome proibido de ser se quer citado em jornais do país, a UNICAMP, eu te diria, não a UNICAMP enquanto poder, enquanto organização, enquanto estrutura, enquanto reitoria, mas a UNICAMP enquanto Faculdade de Educação me convidou para duas coisas importantes: uma pra vir à Primeira Conferência Nacional de Educação de Adultos aqui realizada. E a segunda, para que eu aceitasse um lugar como professor dessa casa, esse foi um convite, foi uma iniciativa da Faculdade de Educação desta universidade. Obviamente eu não tinha passaporte, e não podia ter o passaporte. O governo de então não permitia se quer que eu passasse pelo Brasil sobre como trânsito e eu não podia vir. Como não pude vir a este Encontro Nacional de Educação, o que eu quero salientar esse convite que eu recebi na época, exilado, saudoso, terrivelmente saudoso do meu país, do meu sol, do meu céu azul, da linguagem do meu povo, da minha comida, esse convite me tocou muito, e foi feito ao mesmo tempo em que a PUC de São Paulo fazia o mesmo convite, então esse é o lado afetivo que me prende a esta faculdade.
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